Durante minha jornada, desde pequeno sempre gostei muito de jogar videogames. Passava horas e horas na frente daquela telinha apreciando grandes obras no meu Nintendo 64 como Mario 64, Conquer's Bad Fur Day, dentre outros. Como eu gostava de desenhar desde pequeno, eu olhava para aquelas cenas, e ficava admirando aqueles desenhos, que cá entre nós, na época eram os melhores que tinham (pelo menos na nossa cabeça!). Com o avanço da tecnologia, o surgimento de novos consoles como o PS2, XBOX e GameCube, melhoraram os gráficos e aquilo foi me dando mais vontade ainda de saber como que eram feitos aquelas obras tão bonitas como em Gran Turismo 4, aquele CG maravilhoso que aparecia no começo (fora o jogo em si também), Super Smash Bros Melee do GameCube, HALO, etc. Sempre mantive aquela curiosidade até um dia descobrir que eu poderia modificar um jogo! Foi sensacional! Agora eu podia colocar o MEU desenho funcionando em um jogo. Isso em meados de 2005.
Hoje com o progresso que houve, a disponibilização de ferramentas de fácil desenvolvimento de jogos e o interesse crescente pela área aqui no Brasil, muitos como EU, que gosta de arte de games, começamos uma jornada incerta e que muitas vezes nos leva a pensar: Será que esse negócio de desenhar pra jogo vira mesmo? Então começamos a buscar respostas, estudos, treinar e treinar! Muitas vezes perdemos até o foco devido à falta de informação. Nesta incessante dúvida resolvi entrevistar um dos que, assim como eu e você, começou na luta, procurando por oportunidades:
Bruno Câmara. Ganhador de uma das maiores competições de arte: a Dominance War V e hoje um dos nomes que aparecerão no jogo exclusivo de XBOX ONE, RYSE pela Crytek.
Com um belíssimo portfólio, que você pode encontrar acessando aqui: http://brunocamara.com
Hoje Bruno sente-se realizado em sua carreira profissional como artista de jogos. Humildemente me cedeu uma entrevista muito esclarecedora, não só para mim, como para muitos. Confira:
Como que
você conseguiu chegar a fazer trabalhos para os desenvolvedores de RYSE?
-Acharam
meu portfolio no CGHub e me mandaram um e-mail.
Enquanto
não aparece algo desse porte, como RYSE, em que você geralmente trabalha?
-O RYSE foi
o maior que eu fiz. Fora isso dou aulas online, faço modelos pra toys,
publicidade, games menores como Warhammer...
E como foi
essa jornada até chegar a se tornar um artista para esse jogo? Onde tudo
começou?
-Fiz o tigre low poly para o Dominance War V e isso
atraiu a atenção da Crytek. Se você quer trabalhar com games, tem que terminar
ótimos trabalhos para games.
Entendi, mas você diz treinando em casa, fazendo seu
portfólio e sua própria publicidade mesmo?
-Exato!
E como muitos, eu também tenho essa
dúvida: Qual é a formação necessária para que isso aconteça? Que tipo de estudo
a pessoa deve se empenhar? Faculdade? Cursos? Todas as anteriores?
-Estudar sozinho ou
cursos técnicos de ZBrush, 3DS Max/
Maya, aprender a bakear lowpolys e Photoshop é o básico
E realmente é necessária uma formação
superior? Os desenvolvedores de grandes empresas, como Ubisoft, CRYTEK, etc,
exigem esse tipo de formação?
-Não precisa, basta portfolio.
E esse portfolio pode ser particular, ou NECESSITA ter algum tipo de trabalho já profissional? Alguma pequena experiência com desenvolvimento indie ou similar?
-Portfolio no início só dá pra ser
particular já que você nunca fez nenhum profissional. Se você fizer só uma
escultura no ZBrush é muito difícil conseguir trabalhar com games. Tem que ter
pelo menos um personagem pra game finalizado pra conseguir trabalho de games.
Uma coisa que todo mundo pergunta pra
mim, depois que eu decidi ir para essa área, e eu mesmo respondo sem muita
certeza: Esse tipo de trabalho compensa financeiramente falando? Há um bom
reconhecimento da parte das grandes empresas e o horário é flexível ou acontece
o oposto?
-Grana é proporcional ao nível do seu
trabalho. Reconhecimento também. No exterior o horário é muito flexível. O que
importa é cumprir metas.
E geralmente elas exigem muito da parte
de quem desenvolve algo, ou devido a experiência do profissional, isso torna-se
favorável ou desfavorável?
-Sim. Exigências são inversamente
proporcionais ao seu nível de experiência.
E pra finalizar, você está satisfeito com
seu trabalho, tendo em vista reconhecimento+ satisfação financeira+ tempo para
si?
-Completamente
:)
Como vimos, o importante é se dedicar ao
máximo, explorar todas as habilidades que você possui e estudar! Estudar aquilo
que você faz. Assim como eu ouvi de um artista: "Você só desenha aquilo
que conhece!", e acrescento: e que conhece MUITO BEM!.
Obrigado ao Bruno Câmara por ter cedido um pouco de seu
tempo para nos ajudar a esclarecer essas dúvidas muitas vezes até perturbadoras
quanto ao que eu devo fazer para ingressar na área de arte para games, que em
muitos casos, nas faculdades é ignorado.
Por: João Francisco Ligeiro
Entrevistado: Bruno Câmara
Portfólio João Francisco Ligeiro : http://jfranciscofl.wix.com/ligeiroart#!__about-me
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